sexta-feira, 25 de agosto de 2017

Novela Gráfica III 9 - Os Livros da Magia

O APRENDIZ DE FEITICEIRO, 
NO MUNDO MÁGICO DE NEIL GAIMAN

Novela Gráfica III – Vol. 9
Os Livros da Magia
Sexta, 25 de Agosto
Argumento – Neil Gaiman 
Desenho – John Bolton, Scott Hampton, Charles Vess e Paul Johnson
Por + 9,99€
Depois da publicação da série Sandman, Neil Gaiman regressa com Os Livros da Magia, a mini-série que lançou Tim Hunter no universo da DC e que chega finalmente a Portugal na próxima sexta-feira, integrada na terceira série da colecção Novela Gráfica.
Publicado originalmente como uma mini-série em quatro volumes entre 1990 e 1991, pensada para dar a conhecer aos leitores o universo de magia da DC, concentrado na linha Vertigo, Os Livros da Magia, eram para ser escritos por J. M De Matteis na forma de um livro ilustrado, em que as páginas de texto alternavam com ilustrações de página inteira de Jon J Muth, Kent Williams e Dave McKean.
Quando alguns destes artistas se desinteressaram do projecto, o próprio De Matteis decidiu também afastar-se e a editora Karen Berger virou-se para a escolha óbvia: Neil Gaiman. Mas deixemos que seja o próprio Gaiman a contar como tudo se passou: “Karen telefonou-me e disse, “Queremos fazer um livro que seja um Quem é Quem, um guia e uma história de todos os nossos personagens mágicos. Mas em vez de um Quem é Quem no Universo DC, seria uma BD com uma história e um enredo. Consegues fazer isso?”. Ri-me na cara dela, disse-lhe, “Não sejas tola”, e desliguei. Um dia depois, estava muito bem sentado e de repente apercebi-me como fazer essa história de uma maneira que funcionasse. Liguei logo à Karen, inebriado com o entusiasmo do meu próprio génio e disse-lhe, ”Pode ser feito!”. Ela disse “ainda bem” e mandou-me o contrato.”
O plano de Gaiman assentava num miúdo inglês de doze anos, Timothy Hunter, que descobre que está destinado a ser o maior feiticeiro de sempre e que vai ter como guia aos recantos mágicos do universo DC, a Brigada das Gabardinas, constituída por John Constantine, Phantom Stranger, Dr. Oculto e Mister E.
Ao longo dos quatro capítulos da história, desenhados respectivamente por John Bolton, Scott Hampton, Charles Vess e Paul Johnson, cada um dos magos dá a descobrir ao jovem Hunter uma faceta e uma época diferente do Universo DC. No primeiro capítulo, ilustrado por Bolton, o Phantom Stranger mostra-lhe o nascimento do universo e o aparecimento da magia na Terra. No segundo, pintado por Scott Hampton, John Constantine, personagem que Gaiman já tinha escrito nos primeiros capítulos da série Sandman, leva Tim numa viagem à América, onde este conhece Zatanna, entre outras personagens do universo mágico da DC. No terceiro capítulo, Charles Vess, que tinha acabado de trabalhar com Gaiman em Sandman, dá vida com o seu traço inconfundível à visita de Tim e do Dr. Oculto ao Faerie, o reino das fadas. Finalmente, no último capítulo, ilustrado por Paul Johnson, Mr. E leva Tim bem longe num possível futuro do Universo DC.
A diferença de registos gráficos dos quatro capítulos ilustrados em cor directa e com uma grande diversidade de técnicas, fazem de Livros da Magia um livro belíssimo e visualmente espectacular, mas foi a história de Gaiman que mais contribuiu para o sucesso de Livros da Magia, que daria origem a uma série mensal que durou 75 números (tantos quanto o Sandman) e a diversas mini-séries, publicadas entre 1992 e 2005.
Apesar da figura de Tim Hunter ser fisicamente baseada no filho de John Bolton, houve também quem visse nele a principal fonte de inspiração de J. K. Rowling para o seu Harry Potter, publicado sete anos depois. Mas Gaiman é o primeiro a afastar estas suspeitas, referindo: “Eu não fui certamente o primeiro escritor a criar um miúdo com óculos com o potencial para se tornar o mais poderoso mágico do mundo. Criar um miúdo com poderes mágicos – ou, mais importante, com potencial para a magia – e usar corujas e outras coisas do género, são coisas bastante óbvias tendo em conta a tradição da literatura fantástica. J. K. Rowling não foi a primeira pessoa a mandar um miúdo para uma escola de feiticeiros. De Jane Yolen e Diane Dune, nos tempos recentes, até escritores mais antigos, como T. H. White e E. Nesbit, não faltam exemplos.”
Publicado originalmente no jornal Público de 19/08/2017

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