quinta-feira, 8 de junho de 2017

Mulher-Maravilha 3: A Hiketeia


A MULHER-MARAVILHA ENFRENTA O BATMAN 
NA ESTREIA DE GREG RUCKA COMO ESCRITOR

Mulher-Maravilha: A Hiketeia
Argumento – Greg Rucka
Desenhos – J. G. Jones
Quinta, 08 de Junho, Por + 11,90 €
Ao longo dos seus mais de setenta e cinco anos de história (e de grandes histórias), vários foram os escritores que marcaram profundamente a evolução da Mulher-Maravilha, começando pelo seu criador, William Moulton Marston e passando por autores como George Pérez,  Phil Jimenez, Brian Azzarello e Greg Rucka. E é precisamente Greg Rucka o autor de A Hiketeia, a história que preenche o volume que chega às bancas na próxima quinta-feira.
Publicada originalmente em 2002 no mercado americano como uma novela gráfica em capa dura, A Hiketeia marcou o início da longa ligação de Greg Rucka à Mulher-Maravilha, personagem que escreveu durante três anos, entre 2003 e 2006, e de que é o actual escritor da revista mensal, após a mais recente remodelação do Universo DC, com a linha DC Rebirth.
Bem conhecido dos leitores portugueses, graças à sua colaboração com J. H. Williams III em Elegia, uma história protagonizada pela Batwoman, publicada numa anterior colecção que a Levoir e o Público dedicaram ao Universo DC, Rucka é um argumentista conhecido pela sua capacidade única de escrever personagens femininas fortes, o que é bem evidente neste Hiketeia. Mais do que uma simples aventura da Mulher-Maravilha, Rucka escreveu uma tragédia grega. Uma história contemporânea, centrada num antigo ritual de protecção grego, a Hiketeia, que estabelece, entre o suplicante e o protector, um laço sagrado, mais forte do que a lei dos homens, a que só a vontade do suplicante pode pôr fim.
Neste caso, Diana aceita proteger, da lei e do próprio Batman, Danielle Wellis, uma jovem procurada por homicídio, mesmo que isso a obrigue a enfrentar o Cavaleiro das Trevas e a fúria justiceira das Eríneas, as três Parcas da mitologia grega, que, como vimos no Sandman, de Neil Gaiman, castigam duramente aqueles que infringem a lei dos Deuses.
A presença do Batman (cujas aventuras Rucka escreveu durante mais de 10 anos na revista Detective Comics) nesta história, para além de permitir o confronto entre dois dos maiores heróis do Panteão da DC, vem mostrar o dilema, o conflito interior, que que atormenta a Mulher-Maravilha desde a sua criação: como conciliar a lei divina que jurou proteger, com as leis dos homens, de que Batman é o representante.
Ao lado de Greg Rucka nesta sua primeira incursão pelo universo da Mulher-Maravilha, está o desenhador J. G. Jones, que os leitores portugueses conhecem do volume da Viúva Negra (em que, curiosamente, Rucka escrevia a outra história que compunha o volume), publicado numa colecção dedicada à Marvel, e da mini-série Wanted, de Mark Millar. Jones, que é senhor de um traço realista, dinâmico e elegante e de um excelente sentido de planificação, bem evidente nas espectaculares duplas páginas, ou na forma, tão eficaz como inesperada, como incorpora elementos da arte grega nas páginas iniciais, contribuiu decisivamente para que, também no que ao desenho diz respeito, A Hiketeia seja considerada por muitos leitores como uma das melhores histórias de sempre da Mulher-Maravilha.
Publicado originalmente no jornal Público de 02/06/2017

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