quinta-feira, 1 de junho de 2017

Mulher-Maravilha 2 - Um por Todos

A AMAZONA E O DRAGÃO

Mulher-Maravilha: Um por Todos
Argumento e Desenhos – Christopher Moeller
Quinta, 01 de Junho, Por + 11,90 €
Depois de, na semana passada, Grant Morrison nos ter proporcionado uma visão actualizada da origem da Mulher-Maravilha, Um por Todos, a história de Christopher Moeller que chega aos quiosques na próxima quinta-feira, no preciso dia em que o filme da Mulher-Maravilha chega às salas de cinema, é algo bastante diferente: uma fábula épica, com ninfas, gnomos, dragões e super-heróis, magnificamente pintada por Moeller, na linha de mestres da fantasia como Frank Frazetta, Boris Vallejo, ou Richard Corben.
Nascido em 1963, perto de Nova Iorque, o escritor e pintor americano Christopher Moeller, após ter contemplado a sua formação académica em pintura e ilustração começou a sua carreira profissional na Innovation Comics, com a mini-série Rocketman: King of the Rocketmen. Dividido em BD e a ilustração, Moelller desenhou e pintou mais de cem cartas do jogo Magic: The Gathering, fez ilustrações para o jogo World of Warcraft, e pintou capas da série Star Wars para a Dark Horse e da revista Shadow of the Bat, protagonizada pelo Batman, para a DC, para além de ter escrito e desenhado a série Iron Empires, publicada inicialmente pela Dark Horse, que já deu origem a três novelas gráficas e a um jogo de roleplay ilustrado pelo próprio Moeller, Burning Empires, de grande sucesso.
Um por Todos, a novela gráfica que poderão descobrir já na próxima quinta-feira, nasceu, como muitos outros projectos na indústria dos comics, na sequência de um jantar na Comic Con de San Diego. No caso concreto, Moeller estava a jantar com o editor da DC, Dan Raspler que o convidou para fazer uma novela gráfica com a sua personagem favorita da DC. A escolha imediata de Moeller foi a Mulher-Maravilha mas, como Raspler era o editor da Liga da Justiça e queria acompanhar o projecto de perto, pediu a Moeller para transformar a história numa aventura da Liga, de modo a poder ser o editor do livro.
O resultado é uma história da Liga da Justiça em que a Mulher-Maravilha, que nas primeiras aventuras da Sociedade da Justiça (a antecessora da Liga, nos anos 40) era quase só uma figurante de luxo, assume agora o protagonismo, conspirando para afastar os restantes membros da Liga, como o Batman, Flash, Lanterna Verde, Caçador Marciano, Aquaman e Super-Homem, de uma missão que o Oráculo de Delfos tinha previsto que lhes seria fatal: combater um poderoso dragão acabado de despertar de um sono de séculos e que se preparava para destruir o Mundo.
Indo beber às lendas nórdicas que inspiraram Richard Wagner para a sua trilogia de óperas sobre Siegfred e o Anel dos Nibelungos, que Tolkien vai reinterpretar e adaptar no seu Senhor dos Anéis, Moeller junta a esse imaginário, elementos da mitologia clássica em que se ancora a origem da Princesa Diana de Temiscira, como as ninfas, ou o Oráculo de Delfos, transpondo todos esses elementos para o universo dos super-heróis que conhecemos. A mistura de todos estes diferentes ingredientes podia dar origem a um prato indigesto, mas Christopher Moeller mostra-se um cozinheiro de mão firme e cria uma iguaria rara: uma história de super-heróis do século XXI que respeita os heróis que a protagonizam, e que é simultaneamente uma fábula intemporal.
Publicado originalmente no jornal Público de 26/05/2017

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