sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

As 10 Melhores BDs que li em 2015 - Parte 2


Aqui está finalmente a segunda e última parte desta lista. Estive indeciso entre a série Undertaker e Sykes, dois excelentes Westerns, mas acabei por optar por Sykes, pela descoberta de um grande desenhador, Dimitri Armand. A nova série de Jason Aaron e R. M. Gera, The Goddamned, também esteve quase a entrar nesta shortlist, mas ainda apenas saíram dois números desta nova série e algumas séries não cumprem as expectativas cridas pelos primeiros números. Basta pensar  na série Sex Criminals, que começou de forma espectacular, mas decaiu muitíssimo nos últimos tempos...


6 - Pepe, Vols 1 a 5, Carlos Giménez, Panini
Embora seja conhecido principalmente como o melhor desenhador de sempre da Vampirella, José (Pepe) Gonzalez foi muito mais do que isso. Foi um fabuloso ilustrador, com uma capacidade única para desenhar mulheres e uma personagem fascinante, com uma vida de boémia e um lado sombrio que os seus desenhos não revelavam. Seu companheiro na agência Selecciones Ilustradas de Josep Toutain, Carlos Giménez que já tinha contado esses tempos em BD na série Los Professionales, volta ao tema, socorrendo-se das suas memórias, dos depoimentos de quem conheceu Pepe ao longo da vida e de um exaustivo trabalho de investigação, para criar este biografia monumental de Pepe Gonzalés. O artista, mas sobretudo o homem.



7 - Sykes, Dubois e Armand, Signé/Lombard
Decididamente, o Western na BD franco-belga vive uma nova época de ouro. Basta pensar nas séries Bouncer e Undertaker e, sobretudo, neste Sykes. Escrito por  Pierre Dubois, um escritor mais conotado com a fantasia, graças às dúzias de livros e BDs que dedicou ao tema, este belíssimo Western parte de uma história clássica de vingança  a que o soberbo traço de Dimitri Armand, um artista tão talentoso como versátil (é o desenhador da nova versão de Bob Morane) dá uma dimensão superlativa. Em suma, uma boa história, muito bem contada e melhor desenhada.


8 - The Sandman: Overture, Neil Gaiman e J. H. Williams III, DC/Vertigo 
Muito aguardado pelos fãs, este regresso de Neil Gaiman a Sandman, cumpre as altíssimas expectativas criadas. Gaiman fecha o ciclo, com grande eficácia e elegância, contando uma história que nos mostra como Morfeus foi parar na situação difícil em que se encontra no início da série, mas quem mais brilha é a arte de J.H.Williams III, um fabuloso ilustrador, que consegue superar o seu extraordinário trabalho gráfico em Promethea e Batwoman. Tão talentoso como versátil e criativo, Williams tem aqui um trabalho absolutamente sublime, de uma beleza avassaladora.


9 - The Sculptor, Scott McCloud, SelfMadeHero
O regresso de Scott McCloud à BD, depois de três livros sobre BD, entre os quais o incontornável Understanding Comics, faz-se com este The Sculptor. Um belo romance gráfico com quase quinhentas páginas, que, apesar de por vezes resvalar para a lamechice, é uma muito bem construída reflexão sobre o amor, a morte e a criação artística, marcada por algumas soluções narrativas, tão interessantes como inovadoras



10 - Tungsténio/ Talco de Vidro, Marcelo Quintanilha, Polvo 
Marcelo Quintanilha é um dos mais interessantes autores brasileiros da actualidade e os dois livros, que juntei numa única entrada, por os ter lido de seguida e terem vários pontos de contacto, confirmam-no. Tungsténio é um policial negro passado na Baía e Talco de Vidro é um drama psicológico, mas em ambos os casos, a qualidade dos diálogos e da voz off, que me lembrou a escrita de Rubem Fonseca, e o talento narrativo, com algumas soluções gráficas muito interessantes para mostrar a perturbação da personagem de Talco de Vidro, mostram um autor completo, com um perfeito domínio da linguagem da BD.  

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