sábado, 5 de abril de 2014

Capitão América regressa ao cinema em clima de conspiração


Já está nas salas de cinema nacionais desde quinta-feira, dia 27 de Março, o novo filme da Marvel, que traz de volta o Capitão América, para combater uma conspiração bem no coração dos serviços secretos americanos, que ameaça a liberdade do mundo ocidental.
Depois de um primeiro filme de ambiente mais “retro”, que explora as origens do Capitão América, durante a II Guerra Mundial, este 2º filme do Capitão América está mais próximo do ambiente de paranóia dos trillers de espionagem dos anos 70, que cruza com a recuperação de uma das histórias recentes, das mais importantes do personagem na BD, escrita por Ed Brubaker. Essa história, em que Brubaker introduz no universo do Capitão América elementos característicos das histórias de espionagem ambientadas na Guerra Fria, chama-se O Soldado de Inverno e assinala o regresso à BD de Bucky, o jovem ajudante do Capitão América, que estava oficialmente morto desde a II Guerra Mundial.
Com efeito, nessa história escrita por Ed Brubaker e ilustradas por Steve Epting, descobrimos que o corpo congelado de Bucky foi descoberto por um submarino soviético e que os serviços secretos soviéticos que o vão conseguir fazer regressar à vida, lhe fizeram uma lavagem cerebral e o programaram para ser um assassino frio e extraordinariamente eficiente, sem qualquer lembrança do seu passado, o Soldado do Inverno.
É precisamente esse o ponto de partida do filme Capitão América: O Soldado do Inverno dirigido por Anthony e Joe Russo, com argumento de Christopher Marcus e Stephen Mcfeely, que já tinham escrito o anterior filme do Capitão América e que prosseguem com a adaptação do herói ao mundo actual, colocando-o no centro de uma história de espionagem, que reflecte acontecimentos recentes como as acções de espionagem da NSA denunciadas por Edward Snowden, que vão abalar as convicções de Steve Rogers na política de segurança do país que jurou defender.

 Mais do que uma história de super-heróis (com a excepção da Viuva Negra, os outros membros dos Vingadores brilham pela ausência), ou sequer uma adaptação literal da BD de Brubaker, este é sobretudo um filme de espionagem, que presta homenagem aos filmes políticos dos anos 70, aspecto reforçado pela presença de Robert Redford, actor que nos anos 70 esteve presente em Os Três Dias do Condor e Os Homens do Presidente, os dois mais importantes filmes desta tendência e que em Capitão América: O soldado de Inverno, veste a pele de Alexander Pierce, um director da S.H.I.E.L.D que vai ter um papel muito importante na história.
Ed Brubaker, que leu o argumento e acompanhou as filmagens, não hesita em afirmar que “este vai ser o maior filme de super-heróis jamais feito. Não me consigo lembrar de nenhum melhor e estou a contar com a trilogia do Cavaleiro das Trevas, do Christopher Nolan. É acima de tudo um triller e o facto de se tratar de um filme de super-heróis parece acessório. Está mais próximo de filmes como Os Três Dias do Condor, ou Missão Impossível, do que do filme dos Vingadores. Tem uma atmosfera fantástica e a forma como são filmadas as cenas de acção é muito excitante”.

Visto o filme, a verdade é que Brubaker não exagera e este é, quanto a mim, o mais conseguido filme da Marvel até agora, com excelentes cenas de acção, uma intriga bem construída, um pouco menos de humor que os filmes do Homem de Ferro, ou dos Vingadores e excelentes interpretações, especialmente de Chris Evans, que está cada vez mais à vontade na pele do herói-símbolo da América. O maior senão talvez seja o facto da personagem do Soldado do Inverno não ser tão explorada como podia, nem ser explicado, como é que ele, sendo “criado” pelo KGB, acaba a trabalhar para a HIDRA… Mas alguns desses aspectos poderão vir a ser desenvolvidos em próximos filmes, até porque o contrato de Sebastian Stan, o actor que fez primeiro de Bucky e agora de Soldado do Inverno, contempla 6 filmes da Marvel.
O mais adulto dos filmes da Marvel, Capitão América: O Soldado do Inverno é claramente um passo em frente na consolidação do universo da Marvel no cinema, tão recomendável para os fãs do super-herói, como para quem gosta de uma boa história de espionagem.
A terminar, um aviso. Como é habitual nos filmes da Marvel, convém não sair do cinema mal acaba o filme e acompanhar a ficha técnica até ao fim, pois há, não uma, mas duas cenas extras, que preparam o caminho para os próximos filmes da “Casa das Ideias”.
 (“Capitão América: o Soldado do Inverno”, de Anthony e Joe Russo, com Chris Evans, Sebastian Stan, Scarlett Johansson e Samuel L. Jasckson, Marvel Studios, 2014. Em exibição em Coimbra nos cinemas Zon Lusomundo Dolce Vita e Fórum Coimbra) 
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 05/04/2014

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