sábado, 18 de fevereiro de 2012

Alix na Ibéria

Depois de ter reeditado os primeiros álbuns com jornal Público a editora Asa regressa à série Alix com a edição de “O Ibero”, vigésimo sexto título da série e um dos álbuns produzidos já depois da morte de Jacques Martin, embora tendo por base uma sinopse do criador de Alix, que deixou vários argumentos escritos para que os desenhadores possam continuar as séries após a sua morte, que ocorreu em Janeiro de 2010.
Narrando as aventuras de um jovem gaulês adoptado por Roma, Alix foi uma das séries fundadoras da revista Tintin Belga, em 1948, tendo sido abundantemente publicada em Portugal na versão portuguesa da revista “Tintin” e em álbum pelas Edições 70 que, durante os anos 80, lançaram 19 títulos da série em pouco menos de 10 anos, cabendo à Asa, pegar no facho a partir de 2002, primeiro de forma pouco consequente, reeditando alguns volumes de forma mais ou menos alietória, ao sabor das co-edições. Isso parece estar a mudar recentemente, pois, para além de ter reeditado os primeiros 16 álbuns da série, numa edição conjunta com o Jornal Público, em meados de 2010, em finais de 2011, chega às livrarias este “O Ibero”, em que uma equipa constituída por Christophe Simon, François Maingoval e Patrick Weber, dá continuidade às aventuras do jovem gaulês protegido de Júlio César.
Misturando a intriga política com elementos dramáticos que vão conduzir a uma tragédia, “O Ibero” está ao nível dos melhores álbuns escritos por Jacques Martin, que aliam o rigor documental a uma intriga complexa, em que os jogos de poder provocam sempre vítimas. Neste caso, Alix recebe de César uma propriedade na Hispania, para se instalar como um colono, embora o verdadeiro objectivo deste presente de César seja dar a Alix as condições de acompanhar no local os contactos entre as tropas de Pompeu e os chefes iberos, como Tarago, o ibero que dá nome ao livro, que tudo vai sacrificar (até a família) à causa do seu povo.
Em termos gráficos, a máquina revela-se bem oleada, embora a dimensão industrial esteja bem patente no facto de as cores terem sido feitas por cinco pessoas diferentes… Ainda assim, a dupla Cristophe Simon e Patrick Weber dá bem conta do recado, conseguindo um bom equilíbrio entre o rigor documental dos cenários e o dinamismo das cenas de acção. A nível do tratamento das feições das personagens nota-se um afastamento da estética imposta por Jacques Martin, mesmo assim, menos evidente do que em “La Cité Engloutie”, o álbum seguinte da série (ainda inédito em português), em que o desenho é assegurado apenas por Patrick Weber.
(“Alix: O Ibero”, de Jacques Martin, Simon, Maingoval e Weber, Edições Asa, 48 pags, 12,90 €)
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 18/02/2012

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