quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Frank Miller dirige anúncio para a Gucci


Enquanto "Holly Terror" e "Xerxes", os dois títulos que vão trazer Miller de volta à BD em 2011, não começam a ser publicados, o criador de "Sin City" e "300" continua a sua experiência atrás das camaras, apesar do fracasso de "Spirit". Fracasso esse que não impediu Frida Giannini, directora criativa da Gucci de contactar Frank Miller convidando-o a criar “uma graphic novel transformada numa curta em 3-D, um comercial de 60 segundos que revelasse a aproximação do autor a um universo de fantasia" próximo do dos seus livros, para "Gucci Guilty", o novo perfume da casa italiana.
Além de dirigir, Miller também trabalhou nos storyboards, criando a cidade (mais próxima da "Metropolis" de Fritz Lang, do que de Sin City) onde decorre o anúncio da Gucci Guilty.
Protagonizado por Chris Evans (que já foi o Tocha Humana no cinema e se prepara para ser o Capitão América) e por Evan Rachel Wood (a ex-senhora Marillyn Manson, que faz de Raínha dos vampiros na série "True Blood"), o filme vai ser exibido pela primeira vez na integra, em 12 de Setembro, na Gala da MTV. Até lá, aqui fica um trailler de 30 segundos da estreia de Miller como realizador de publicidade, campo em que também segue as pisadas do seu amigo Robert Rodriguez, que já dirigiu anúncios da Martini e da Nespresso.

Walking Dead - O Trailler da Série de TV já está online



"Walking Dead", a viciante série de zombies criada por Robert Kirkman para a Image, está prestes a chegar ao pequeno ecrã numa série de televisão realizada por Frank Darabont para a AMC, estúdio responsável pela premiada série "Mad Men". A primeira temporada, de 6 episódios de 1 hora, tem estreia anunciada para 31 de Outubro, não por acaso, a noite de Halloween... O trailler de 4 minutos exibido na última San Diego Comic Con está finalmente disponível na net, numa versão decente. A que aqui reproduzo foi retirada do excelente site brasileiro Omelete. Voltarei a falar de "Walking Dead" mais em pormenor quando a série de TV se estrear, ou caso a anunciada edição portuguesa da Devir se confirme. Até lá, let's look at the trailla!
ACTUALIZAÇÃO - A Fox Internacional Channels fez um acordo global de distribuição com a AMC para exibir a série fora dos EUA e Canadá, anunciando a estreia mundial da série "Walking Dead" nos canais internacionais da Fox uma semana depois da estreia nos EUA. Ou seja, à semelhança do que aconteceu com a última temporada de "Lost", também em Portugal vamos poder ver a série "Walking Dead" apenas com uma semana de atraso para a exibição nos EUA.

domingo, 22 de agosto de 2010

Lá Fora II - Theodore Poussin Integrale vol 1


O mais recente clássico a ser recuperado pela Editora Dupuis nas excelentes edições integrais a que editora belga já nos habituou, foi “Theodore Poussin” de Frank Le Gall, uma excelente série de aventuras marítimas de que saíram 12 episódios entre 1987 e 2005, dos quais, apenas o primeiro episódio chegou a ser publicado em português, pela Meribérica. Série herdeira da aventura romântica na tradição de Corto Maltese, embora o cenário e o registo gráfico seja outro, com o Pacífico a dar lugar ao Índico e ao Mar da China, esta belíssima saga, que tem Conrad e Baudelaire como principais referências, alia um grafismo caricatural, próximo da escola de Marcinele que caracteriza os autores da revista SPIROU, mas que evoluiu rapidamente para um registo mais realista, próximo da “linha clara”, a uma intriga bem elaborada e de um romantismo exacerbado, que celebra igualmente a aventura em cenários exóticos.
Theodore Poussin (o próprio apelido, que significa “pintainho”, indica que se trata de alguém sem experiência que só as duras vivências ajudarão a transformar num galo) é o mais improvável dos heróis. Modesto escriturário de uma grande companhia de navegação, míope, franzino e quase careca, apesar de viver num porto como Dunquerque e da tradição marítima da sua família, sonha com lugares distantes e paragens exóticas que apenas conhece através da leitura dos romances. Ao aceitar a oportunidade que lhe é oferecida de embarcar para os Mares da China, Theodore não imagina as partidas que o destino, protagonizado pelo enigmático Monsieur Novembre lhe pregará, dando razão aos versos de Baudelaire que sintetizam o doloroso processo de crescimento e descoberta que o jovem Pintainho viverá ao longo das suas aventuras: “amargo saber, o que se colhe nas viagens”.
Ao longo dos seis álbuns que constituem o primeiro ciclo da série, Poussin vagueia da Indochina ao Ceilão, sem nunca encontrar aquilo que procura, seja o misterioso Capitão Steene que, apesar de apenas aparecer de forma extremamente fugaz no primeiro álbum, é uma sombra omnipresente ao longo de todo o ciclo, seja o tesouro de Laurence Brooke, o Rajá Branco, ou até Marie Verité. Personagem que dá nome ao terceiro álbum da série, escrito em parceria com Yann (argumentista do primeiro volume da série Sambre, de Yslaire, a mais romântica BD franco-belga das últimas décadas), Marie Verité (que também é nome de barco) vem comprovar o simbolismo dos nomes que frequentemente encontramos nesta série. Das duas Marie Verité que Theodore encontra, nenhuma é a genuína, o que vem provar que não há uma, mas várias verdades, o que já tinhamos percebido através dos vários retratos que do Capitão Steene traçavam os vários personagens que o tinham conhecido.
Depois de arriscar a vida nas mais remotas paragens, conhecendo personagens fascinantes, capazes dos mais heróicos actos e das mais baixas traições, muitas vezes em simultâneo — como Georges Town, o sanguinário pirata de “Le Mangeur D’Archipels”, que faz de Theodore o seu biografo oficial, procurando no registo e publicação das suas memórias a explicação e o branqueamento de uma vida de crimes —, só ao regressar a casa Theodore Poussin encontrará aquilo que procurou. Tal como em “Le Trésor de Rackam Le Rouge”, de Hergé, o tesouro que Tintin e Haddock procuraram numa ilha distante estava à sua espera em Moulinsart, também Theodore vai finalmente encontrar o Capitão Steene em Dunquerque, numa casa perto das dunas onde brincava em criança; Capitão Steene que, na realidade, é o verdadeiro pai do herói, que, tal como o Monge, da “Balada do Mar Salgado”, se dedicara à pirataria em paragens distantes como forma de expiar um amor trágico e contrariado.
Coincidências que estão longe de ser inocentes, pois são várias as homenagens de Le Gall a Pratt e, sobretudo, a Hergé (basta ver o título dos 4º e 5º volume da série, que constituem uma história única, “Secrets” e “Le Tresor du Rajá Blanc”, que remetem naturalmente para o díptico das aventuras de Tintin: “Le Secret de La Licorne” e “Le Tresor de Rackham Le Rouge”…) ao longo da série, sem que isso interfira com o normal fluir da intriga, o que só prova o talento do jovem autor belga, cujo grafismo vai evoluindo e ganhando um cunho mais realista ao longo da série, amadurecendo ao mesmo tempo que o herói.
A excelente edição da Dupuis, enriquecida por um dossier de 36 páginas, recolhe apenas os 4 primeiros volumes, pelo que será preciso esperar pelo 2º volume da edição integral para o leitor ter resposta a muitas das perguntas levantadas nestes álbuns. Mas a espera vai valer a pena, pela grande qualidade da série e pela forma como o traço de Le Gall, que evoluiu brutalmente em apenas três álbuns, atinge a maturidade plena.
Theodore Poussin L'Intégrale 1, de Frank Le Gall, Dupuis, 240 pags, 28,80 € na Livraria Dr Kartoon

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Manara Desenha as mulheres dos X-Men II


aqui tinha falado desta edição especial, em Abril, quando esta colaboração extraordinária entre Claremont e Manara começou a ser divulgada na imprensa especializada. Agora, que a edição americana já está disponível nas livrarias especializadas nacionais, é tempo de voltar às "X-Women", um comic especial de 48 páginas, produzido pela Panini a pensar no mercado europeu, mas que permite aos leitores da Marvel descobrir o traço único e sensual de Manara.
A história, feita por medida por Claremont para o desenho de Manara, é movimentada, tem algumas ideias interessantes, como a tribo de "cargo cultists", os adoradores de aviões, mas peca pela redundância dos textos, o que não é propriamente uma novidade em Claremont... Mas esta história, em que os elementos femininos dos X-Men vêm as suas férias na Grécia interrompidas pelo rapto de Rachel, o que as leva até Madripoor, onde têm que enfrentar uma inimiga que parece saída de um filme da série "Ilsa, a Loba dos SS", é acima de tudo um pretexto para Manara fazer aquilo que faz melhor do que ninguém, desenhar mulheres elegantes e sensuais em poses provocantes e (por vezes) gratuitas.
Tratando-se de uma história dos X-Men, não há qualquer nudez, mas o que o traço de Manara sugere (e há cenas que remetem de forma não muito disfarçada para o bondage e SM..) é muito mais erótico do que se mostrasse tudo. E convém não esquecer que, além de saber desenhar mulheres como ninguém, Manara tem um perfeito domínio da narrativa em BD, um excelente sentido de composição da página e não poupa nos pormenores quando se trata de desenhar cenários naturais ou arquitectónicos.
Parece-me é que o excelente trabalho gráfico de Milo Manara, muito bem servido pelas cores sempre eficazes de Dave Stewart, merecia uma edição mais cuidada do que esta revista, que em termos de formato e de papel, é um vulgar comic book. Até porque, a avaliar pelo número de quadrados por página, Manara parece ter desenhado esta história a pensar no formato franco-belga em que trabalha habitualmente.
"X-Women", de Milo Manara e Chris Claremont, Marvel, 64 pags, $ 4,99 US

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Projecto Zona regressa em dose dupla


Face à dificuldade das editoras em apostar em novos autores, dificuldade que a actual crise só veio agravar, cabe aos jovens autores associarem-se, de modo a dar a conhecer o seu trabalho aos potenciais leitores. Foi o que fizeram os autores reunidos em torno do projecto Zona, que acabam de lançar mais uma revista, desta vez em dois volumes.
Depois de “Zona Zero”, “Zona Negra” (o menos consistente dos títulos) e “Zona Fantástica”, o projecto Zona aproveitou o último Festival de Beja para um regresso em dose dupla, com “Zona Gráfica”, uma nova revista em dois volumes (um para as histórias a preto e branco e outro para as histórias a cores), publicada com o apoio do autor (e livreiro) Hugo Teixeira.
Com capas de Manuel Alves e José Pinto Coelho, estes dois volumes recolhem trabalhos de mais de uma trintena de autores, entre colaboradores habituais e aqueles que publicam pela primeira vez na revista “Zona”. No primeiro grupo, destaque para a produtiva dupla brasileira, Bruno Bispo e Victor Freundt que assina três histórias, e para o regresso de Catacumba, o herói criado por António Valjean, para além do traço deliciosamente “fofo” de Ana Duarte Oliveira que, embora destoe bastante, tanto em termos de temática como estética, do resto da revista, é um dos meus favoritos.
Quanto aos novos autores, para além de um projecto em ante-estreia de Filipe (BRK) Andrade e de André Oliveira, que promete, impressionaram-me favoravelmente os desenhos de Ricardo Reis, André Caetano e Joana Afonso, mesmo que a maioria das histórias não passassem de meros apontamentos.
Para além de melhores argumentos, o que não assim tão fácil de encontrar em Portugal (não é por acaso que uma das histórias ilustradas por Fil é escrita por dois americanos) falta mais coerência editorial a este projecto “Zero” que, aparentemente faz ponto de honra em aceitar todas as colaborações. Só assim se compreende que, apesar do Fantástico ser a temática dominante, caberem neste nº duplo coisas completamente diferentes, como os trabalhos de Ana Duarte Oliveira e Richard Câmara e histórias não inéditas, como “O Grande Vixésimo”, uma paródia aos X-Men feita para o concurso de BD do Festival da Amadora.
(“Zona Gráfica” Vol I, Vários Autores, Editores – Fil e André Oliveira, 106 pags, p/b, 13,00 €”
Zona Gráfica” Vol II, Vários Autores, Editores – Fil e André Oliveira, 52 pags, cor, 10,00 €”.
Mais informações em www.zonabd.net ou www.zonabd.blogspot.com )
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 7/08/2010

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Banda Desenhada no Festival das Artes II


Para aqueles que não tiveram oportunidade de visitar a exposição de ilustrações feitas por MIguelanxo Prado para o filme "De Profundis", que esteve no Coro Alto do Mosteiro de Santa Clara a Velha, entre 17 de Julho e 1 de Agosto, aqui fica um punhado de imagens da exposição tiradas pelo fotógrafo Pedro Medeiros para o Festival das Artes.











domingo, 1 de agosto de 2010

Lucky Luke regressa ao cinema


Dezoito anos depois do filme protagonizado por Terence Hill, Lucky Luke, o cowboy solitário criado na BD por Morris, regressa ao cinema num filme de James Huth, com Jean Dujardin no protagonista, em exibição nos cinemas portugueses.
Para além de três longas-metragens e de duas séries televisivas, todas em animação, Lucky Luke já foi alvo de três adaptações em imagem real, começando logo em 1991, com o filme dirigido e protagonizado por Terence Hill, actor italiano conhecido pelas suas colaborações com Bud Spencer e pela série “Trinitá”, um Western Spaguetti paródico, bem elucidativo da decadência do género.
Depois desse começo nada famoso, as coisas só podiam melhorar e foi o que aconteceu com o filme “Les Dalton”, de 2004, dirigido por Philippe Haim e centrado nos mais famosos inimigos de Lucky Luke, na ocasião interpretado pelo alemão Til Shweiger, actor que, anos mais tarde, entraria no filme “Inglorious Basterds”, de Quentin Tarantino. Apesar de ter ido directamente para DVD em Portugal, o filme era bastante divertido e, no geral, bastante mais conseguido do que o filme de James Huth, que motiva este texto.
Jean Dujardin, actor que curiosamente também entrou no filme de Haim, e que representou igualmente outro ícone da cultura popular francesa, o espião OSS 117, nem vai mal como Lucky Luke e Silvie Testud e Michael Youn, os actores que fazem de Calamity Jane e Billy the Kid, vão mesmo muito bem, o grande problema é o argumento e a forma como mistura demasiadas coisas num prato indigesto. A história, que tem como (vago) ponto de partida o álbum “Daisy Town” (já adaptado ao cinema de animação), mistura elementos e personagens (como Pat Poker e Jesse James) de vários outros álbuns, ao mesmo tempo que procura arranjar uma explicação psicanalítica para o comportamento de Lucky Luke (que na verdade, se chama John, o Lucky é uma alcunha, devido à sua grande sorte) e para o facto de ele nunca ter morto ninguém, nem nunca se ter casado. Ou seja, procura dar uma dimensão realista a um herói propositadamente unidimensional, o que até é uma opção louvável, mas que se articula mal com as piscadelas de olho à BD (que inclui ainda uma discreta alusão ao álbum de Tintin, "O Caranguejo das Tenazes de Ouro, como podem ver abaixo) e com o registo de um personagem como Billy the Kid. Essa discrepância também se reflecte na imagem do filme, servido por uma excelente fotografia, mas onde a estética e os planos do “Western Spaguetti” coexistem com cenários que parecem saídos do cinema expressionista alemão dos anos 20 e 30 do século XX…

A ideia que dá é que James Huth quis meter diversos filmes dentro deste filme, com um resultado que, apesar do sucesso do filme em França, com mais de 1 milhão de espectadores, acabará por não agradar inteiramente nem aos cinéfilos, e muito menos aos fãs da BD de Morris.
(“Lucky Luke”, de James Huth, com Jean Dujardin, Melvil Poupaud e Silvie Testud, 103 minutos, em exibição em Coimbra nos cinemas Zon Lusomundo Dolce Vita.
Mais informações no site oficial do filme.
Versão integral do texto publicado no Diário As Beiras de 31/07/2010